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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Conversa com um ex-presidiário e a reintrodução do preso na sociedade brasileira

A alguns meses atrás, estava eu voltando da faculdade quando me deparei ao longo do caminho com um morador de rua, ele estava todo sujo, com as palmas da mão preta, era um sujeito branco de olhos claros que no momento recolhia latinhas de coca-cola da calçada. Ele me parou e pediu um prato de comida.

Decidi atravessar a rua e conversar com ele, enquanto seguimos caminho a uma lanchonete, comprei a marmitex para ele, todavia exigi um dialogo sobre a vida. Gostaria de saber o porque ele estava lá.

Ele contou sua história e me mostrou provas dela. O nome dele é Alexandre, ele saiu em julho desde ano de 2010 da prisão, me mostrou o alvará de soltura. Contou que foi preso devido a um surto de raiva que o fez dar uma facada em seu cunhado, este batia em sua irmã constantemente e vivia na casa de sua mãe. A faca não chegou a matar o homem, o crime que ele cometeu foi de tentativa de homicídio.

Alexandre voltou para sua casa depois de sua soltura, porém seu cunhado estava ocupando-a e o ameaçou de morte, caso voltasse de novo. Enfim começou a morar na rua, se instalou num buraco debaixo da ponte, no qual eu ví. Neste momento pensei, que recuperação ira existir para este homem, ele cometeu um erro sim, todavia quem nunca cometeu erros? Nas palavras de Jesus Cristo, quem nunca cometeu erros que atire a primeira pedra?

Pensei também em nosso sistema carcerário e nas condições de recuperação de alguém que já cumpriu a pena. Conversei com ele, disse do amor de Cristo, disse que ele não precisava viver com a culpa, incentivei ele a procurar uma igreja, procurar a Cruz salvadora de Cristo Jesus.

O Alexandre me falou que está indo na igreja as quartas, pois ela é vazia e as pessoas não ficam olhando para ele, é uma igreja Batista. Ele também falou que bebe para dormir, pois a rua a noite é muito fria e ele não consegue dormir devido o medo de ratos e de outros moradores, ou da polícia. A alguns dias atrás tacaram fogo em seu abrigo, queimando as suas roupas. Ele está vendo na igreja um centro de recuperação de álcool, já entende que a bebida faz mal, contudo não encontra outra forma de cair no sono se não for por ela.


No final ele agradeceu a minha atenção, disse que já fazia um tempo que não conversava com ninguém, eu fui embora com o coração atrito de compaixão e me sentido mal por ser muitas vezes indiferente ao sofrimento do próximo. Todos merecemos dignidade, todos carecem de perdão, todos nós necessitamos de uma segunda chance...

Um comentário:

Erick V. Serva disse...

Gostaria de recomendar o Centro de Reabilitação Desafio Jovem Ebenézer que é uma obra extremamente séria.
Por favor, acesse o site www.dje.org.br, veja a unidade mais próxima e faça contato. Fique na paz!